14 de maio de 2006

CANÇÃO ALÉRGICA




O tom desafinado dos motores,
Diante do olhar primaveril,
Percorre os horizontes de concreto.

E s p a n d e - s e . . .
E s p a n d e - s e !
Confunde-se,
Perante a poesia,
Com a melodia melada
Dos esgotos – rios-esgotos.

Oh! Quantos albatrozes
Povoam o desértico olhar...!

No subúrbio,
Um pássaro voou
De um outro morto;
Um ébrio cachorro caiu
Bebendo água do rio.

Oh! Quanta evasão
Nos frios acordes da “modernagem”!

Da prima ao bordão
Não havia nenhuma harmonia;
Mas o vento insistente
Soprava uma nova canção:
Em dias-sol
Em lixos-lá
Em vidas-si
Em mundos-dó
Embora a tristeza ainda estivesse
Presente em cada olhar.

Oh! Quanta hipocrisia
Se fez moderna poesia!


Poema extraído do livro "Vendavais" de Gilmar Pereira Lima

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