26 de abril de 2006

DESCOBERTA (IN) PESSOAL


Eu estava solitário –
Pensativo de mim mesmo –
Quando tudo começou a fazer sentido.
A Vida batia à minha porta
E sorria abraçando a Morte,
Agradecendo aos seres humanos:
— Hoje eu aprendi a mentir.

Olhei além da vidraça
Do plenário, ora legal.
A Verdade era tão plena e espontânea
Que toda a pátria espelhava
A uniformidade social.
Mas uma voz insistente me alertava:
“HOJE EU APRENDI A MENTIR.”

A todo instante
Tudo se fazia repetir.
A TV era os meus olhos;
O mundo, meu ouvido.
A História toda era um livro esquecido,
Onde o vento também murmurava:
— Hoje eu aprendi a mentir.

E foi assim
Que dentro de mim tudo mudou –
A lua já não brilhava
Somente por brilhar,
E ninguém falava
Apenas por falar.
Então passei a pensar o que pensavam...
E hoje aprendi a mentir.



Extraído do livro "Vendavais" de Gilmar Pereira Lima.
Poema também musicado pelo grande amigo Noel Barbosa.

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