No entanto, tão distante de ter suas tradições preservadas ou estudadas encontra-se o município de Cândido Sales - Ba. Cidade muito jovem politicamente, mas que ecoam, no entorno do vale do Rio Pardo, antigas histórias dos seus primeiros habitantes. Ecoam surdamente, uma vez que os relatos encontrados são parcas linhas ou breves citações. E quando o assunto é sobre culinária, mais complicado fica.
Porém, pode-se afirmar que a base de sua culinária é a mesma da nacional: com origem indígena, africana e européia. É comum o uso da farinha de mandioca, o feijão com arroz, a feijoada, a carne charqueada ou jabá, o acarajé e comidas à base de milho (como o mingau, a pamonha, o bolo, a broa).
Contudo, não se tem em Cândido Sales nenhum órgão preocupado em resgatar a memória de seu povo. Ou, até mesmo, com o cuidado de registrar seus costumes. Infelizmente, a Secretaria de Cultura prefere alimentar a inércia dos modismos de outros recantos, esquecendo-se das tradições locais. Insistem no fugaz mundo da sanha vaidosa de alguns políticos. Ambos, sem nenhuma preocupação maior do que alimentar o próprio ego.
Assim, passam os anos e ficam as interrogações:
— Onde o Boi de Janeiro foi parar?
— Em Belém do Pará.
— Quando será o Terno de Reis?
— O tocador não sabe o mês.
— Então, onde fica o teatro?
— No legislativo, às quatro.
— Oxente! E o Centro Cultural?
— Ora, é lá no hospital.
Seria um “prato cheio” para Gregório de Matos. Afinal, já está passando da hora do cidadão candido-salense repensar suas origens e tentar preservar o que ainda lhes resta. Pois, há o sério risco de perder sua identidade, como ocorreu com os Mongoiós massacrados pela cultura da intolerância e da ganância.
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*Trecho em negrito de um texto encontrado na Biblioteca Municipal
de Cândido Sales - Ba de autoria deconhecida
que narra o surgimento do Povoado de Santa Cruz
(hoje, Porto de Santa Cruz).