26 de julho de 2010

DA DECEPÇÃO

Olhei para mim,
Como olhara Narciso, enternecido,
Diante do espelho d’água refletido,
Tentando encontrar
Na face luzida
Os traços da vida...

Olhei para mim,
Mas com tanto cuidado e ternura,
Que louvaram as aves, em jura
De supremo amor
E eterno segredo,
Não revelar medo!

Olhei para mim
Na moldura pardeada do rio
Que, imponente e sarcástico, rio
Ao me ver surpreso
Com o quanto, alheio,
O tempo me tornara tão feio.

***

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