Derramando a aurora seu mar colorido,
Meus olhos debruçam num rio de imagens antigas...
(Não sei se deliram)
E... lá está um menino montado
Em seu cavalo-de-pau.
Ao final da “ruinha” a Igreja,
Algarobas verdes em contraste
Com o cinza da serra que se ergue
Onde parece findar as grotas de Água Branca.
Sacudindo as canafístulas,
Murmureja a brisa cruel
Canções antigas
Cirandas,
Xaxados,
Repentes,
Os aboios das vagueijadas...
Ah! Quantas lembranças, Vila Luanda!
Os pés de juá na beira da estrada,
Os umbuzeiros carregados,
Tomar banho na cacimba do riacho
Depois de ter se fartado
E se lambuzado com o “mel de engenho”...
Á noite, deitar-se na calçada para ouvir histórias
Contar estrelas... Soltar versos ingênuos:
“Lua, luar... me ajude a crescer
qu’eu te ensino a namorar”.
Nos festejos juninos,
Uma bandinha de pífanos
Logo cedo, como se quisesse despertar o dia,
Voltejavam os dois lados da rua
Assobiando numa harmonia tão viva,
Tão pulsante que causaria inveja num Villa Lobos,
Beethoven, Bach, Mozart, Wagner…
Ao acordar,
A pamonha quentinha na hora do café.
Ouvi alguém dizer:
— Luquinha vai soltar rojão!
— Oxente! Mas ele não perdeu um braço por causa de uma bomba?!
— Ele vai ligar é a radiola!
— Aah!
Ó Velha Luanda!
Quanta saudade soluça em meu peito!
E o findar da tarde me faz enxergar
Que somos como um flerte louco
Solto nas ruínas do tempo
Que, entre a tarde e a noite,
Veste-se do rubro-triste
Feito o ébano que ante a fúria
Do machado
C
A
I .
E nessa hora o poeta agoniza
E sente um rumor secreto
Em su’alma dizer:
— Tua saudade é da cor do ébano.
***
E sente um rumor secreto
Em su’alma dizer:
— Tua saudade é da cor do ébano.
***
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