O texto de Reginaldo Pujol Filho "Querido U" faz uma referência bem-humorada sobre a supressão do trema na língua portuguesa. Faz comparações com outras línguas e a importância que o trema tem nelas. Sem dúvida, uma bela homenagem.
(Veja a videocarta)
http://www.youtube.com/watch?v=qPq-W62v_7U
Pena que a supressão do acento grave, que marcava palavras como “àvidamente” e “pàlidamente”, não teve uma carta de despedida. Aliás, poucos lembram que ele já existiu em ocasiões especiais da nossa língua. E, hoje, sobrevive solitário como sinal indicador de crase.
Talvez, devêssemos valorizar mais o trema, pelo menos em palavras nas quais a pronúncia exige um cuidado maior. Pois pronunciamos “cinqüenta” e não “cinquenta”, o trema indica uma pausa maior sobre a letra u. Sem o trema, fica mais complicado perceber essa marcação para ser pronunciada. Logo, correríamos o risco de estar pronuciando "linguiça" em vez de "lingüiça", principalmente no ato da leitura. E, nas séries iniciais do ensino fundamental, como arguir, isto é, explicar que a palavra "lingüiça" não se pronuncia como "lânguido"?
A língua alemã usa o trema não para embelezamento da grafia, mas por ser um sinal essencial, não podendo ser suprimido. Assim, também tem sido em línguas de sua ocorrência.
Vejo que, na língua portuguesa, o trema também é um elemento essencial na pronúncia no momento da leitura. Seria interessante que nesse Acordo Ortográfico, convencionasse o uso do trema. Sua supressão será bem mais dolorosa do que fora com a do acento grave nas palavras proparoxítonas quando estas ganhavam características de advérbio.
Não sei se vou aguentar, mas estou tentando viver com a ausência do trema, como quem vive com a ausência de algum parente próximo. Talvez, o autor de "Querido U" tenha sentido o mesmo.